Houve um dilúvio de sangue
Havia na cruz um Homem, castrado
Doíam-lhe os pés, as mãos
Tudo doía-lhe tanto...
Seu coração sangrava, e como sangrava...
Ele podia sentir o sangue escarpar-lhe a cada batida.
Por que não chovia?
O suor no seu corpo ardia como ácido,
já não bastavam tantas chicotadas?
Já não bastava carregar cruz tão pesada?
O que esse povo de tanto valia Pai? Por que o abandonaste?
Mil mulheres ao pé da cruz choravam
pelo melhor homem que ali as abandonava.
Sua mãe extasiada de dor não entendia,
seu filho poderia estar vestido em ouro,
mas escolheste tão malogrado caminho...
Outros poucos, os que compreendiam, calaram. Por quê?
Os homens de malpoder gargalhavam:
"Eis a sina dos rebeldes!"
Todos os diabos nele cuspiam.
Pobre deste Homem que não era Jesus,
no terceiro dia ninguém mais lembrou...
Oh Pai! Por que o abandonaste?