Jamais se lê um poema até o fim
Enquanto as linhas passam o tempo passa aí dentro e ali fora
Um sopro, é como é a poesia
Que não nos incorpora por inteiro,
Pois nem o mais forte dos vendavais é capaz de apagar e arrastar totalmente qualquer ser...
Seja o que for.
É um cobertor que não cobre
É a gentileza de um amigo que nos deixa ao menos um pouco de nós em cada encontro
Ou talvez seja apenas a maldita pegadinha da palavra
A palavra que não contém a si mesmo
É gota d’água que nos escapa às mãos
Também pudera...
Como tomaríamos para nós aquilo que sequer cabe no significado?
O que é significado afinal? Talvez você agora se pergunte o que eu quero dizer...
Me desculpe, desculpa essas palavras
É que jamais lemos um poema até o fim
Nunca se morre pra sempre
Não se surpreenda ao ver fantasmas distantes de letras perdidas na memória
A despedida não cabe no adeus
O final nunca é o fim
O poema vai contigo e se vai com ele também...
E assim seguem entrelaçando os olhos em novas (ou não) descobertas
E no fim jamais se lê um poema até o fim
Então... até a próxima
...