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O Ócio Produtivo
 
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 Amália

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3 participantes
AutorMensagem
João Barbosa




Mensagens : 67
Data de inscrição : 14/10/2009

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MensagemAssunto: Amália   Amália Icon_minitimeQua Out 14, 2009 10:06 am

Amália
Primeira parte
I O porteiro

O porteiro era um homem baixo, meio corcunda, um tipo feio que os romances nos fizeram acusar de malignidade. No entanto, a feiúra do corpo não lhe tirava a bondade explícita dos olhos. Ah, os olhos! Esses não lhe eram maus. Olhos amáveis de criança, que cativavam a todos que os admirassem.
Chamava-se José; nome extremamente comum para os de sua posição. Querido pelos outros funcionários, se tornou uma figura emblemática dentro da empresa, dado o longo tempo de trabalho.
Certo dia chegou um novo empregado. Tal Ricardo, contador de pequena importância, ainda moço.
- Bom dia!
- Bom dia!
E foi assim. Começou a nascer um afeto distante entre o contador e o porteiro. Cumprimentos, sorrisos, conversas ligeiras antes do expediente, depois de algum tempo já se podiam chamar amigos.

II A visita

Ricardo, quando entrou na firma, tinha acabado de colar grau, era apenas um “menino” (nos dizeres de sua mãe), inexperiente e, doloroso que seja, insignificante. Vinte e dois anos, só isso.
Fazia trabalhos extras quase sempre, lutando para aumentar o baixo salário e conseguir uma promoção.
Num sábado, estava na casa de um dos seus companheiros de função. Fazia umas contas - Deus, que óbvio! - que adiantavam um pouco seu trabalho. Números e mais números; uma tarde penosa. Voltando para casa os olhos pesavam... De repente: bum! Pneu furado.
Saiu do carro prorrompendo em insultos contra tudo; o carro, a pista, o pneu. Começou a trocá-lo, sem para isso deixar os murmúrios infantis, que num instante, pararam. Olhou em volta e viu que lugar era escuro e vazio, então virou depressa e recomeçou, acelerando operação.
- Quer ajuda?
O contador empalideceu, virou assustado para ver quem falava.
- Ah, é você...
Era José, com os olhos amáveis e o sorriso de sempre. Viu que o rapaz tinha branquiado e acudiu logo:
- Moro aqui rapaz, teve medo?
- Tive, um pouco.
Corou dizendo isto. Lembrou da irmã, que sempre o acusava de ser pusilânime; ficou encabulado por ser mesmo. Tratou de recobrar a dignidade:
- Com todos esses assaltos por aí...
O porteiro o ajudou a terminar a troca. Enquanto realizavam o serviço, conversaram sobre o lugar. Ricardo ouvia as palavras do outro com muito interesse; nunca tinha passado por ali e, se não fossem as ocupações adicionais ao emprego, talvez nunca tivesse passado.
- Fica um pouco, janta comigo.
- Não quero incomodar.
- Incomodar? Deixa de ser besta!
O pequeno homem pegou-o pelo pulso e o puxou através da rua, ele amoleceu consentindo com o amigo.
A casa era de uma simplicidade tocante: uma televisão velha, numa estante tão antiga quanto ela, pejada de livros que mofavam e uns móveis, também rebentados pelo tempo, espalhados pelo cubículo. O contador sentiu tristeza por não ter uma vida tão difícil quanto a do amigo.
- Ei, mulher! - entrou na sala uma senhora - Ele janta com a gente hoje.
Ela avançou com o braço estendido para apertar a mão do visitante, gesto que ele repeliu educadamente, alegando que a sujaria de graxa.
Tratava-se da esposa do anfitrião. De todo, não era feia. Gorda, já afetada pela idade, tinha quadris e busto volumosos, que imprimiam nela uma sensualidade inusitada. Ricardo sentiu uma ponta de desejo, inflamado pelo decote da blusa despojada. Repreendeu-se rápido.
Apresentações feitas, a mulher foi para cozinha aprontar o jantar e os dois, depois de lavar as mãos, sentaram-se na sala para esperar. Um pequeno silêncio se fez. O visitante começou a observar discretamente a residência do companheiro. A quantidade de livros na estante deixou-o surpreso. Pobres não lêem tanto.
- Tem lido muito?
- O quê? Esses livros? Nada! Eu já li muito sim, mas quando era novo. A gente envelhece e vai deixando essas coisas pra lá.
A velhice apregoada pelo porteiro não era verdadeira. Tinha lá seus quarenta. Era jovem ainda.
Outro silêncio.
Voltando à investigação vexada, Ricardo notou a presença de uma foto em meio aos livros. Um garoto, púbere, rijo, sorrindo amarelo para a câmera; a foto característica que os pais mandam os filhos tirarem de ano em ano.
- Seu filho? Falou apontando para a fotografia.
- É.
- Quantos anos?
- Tinha treze nessa foto. Faleceu já faz um ano.
Arrependeu-se de ter feito a pergunta. Os olhos bondosos do homem tomaram outra expressão contando aquilo. Decidiu não tocar novamente no assunto.
- O jantar tá mesa!
A cozinha tinha aspecto semelhante à sala, diferenciava apenas a utilidade dos móveis. A mulher estava debruçada sobre a mesa, puxando dobras invisíveis da toalha - o decote... Havia três tigelas de um cozido, espécie de caldo, que surpreendeu o convidado com a consistência para uma refeição daquelas horas. Vamos à ceia!
Conversaram durante toda a refeição, por insistência de José, que puxava assuntos intermináveis. A mulher e a visita estavam retraídos, esforçando-se para não errar os modos, ao contrário do outro, que abocanhava sem nenhuma reserva. Ricardo fez notar a hora.
- Fica homem! É cedo.
- Tenho que ir. Vai segunda?
- E pobre escolhe quando trabalha [riu]?
- É... - completou com um sorriso curvo. Então vou. Tchau!
Os dois responderam com acenos simpáticos, repetidos pelo que ia.
O regresso não afastou Ricardo da dona da casa. A imagem da mulher do porteiro voava pela cabeça dele. A figura da senhora, austera, ou da fêmea erotizada; preferia a última.
Parou o carro na garagem; nesta noite ficou um pouco mais dentro dele. As fantasias luxuriosas tomaram por completo e, onde não puderam ir, deixaram que as mãos fossem.
“Amália”.

III Remorso

No domingo levantou tarde. Entrou no banheiro, lavou os olhos, a boca. Passou para a cozinha e se adiantou em fazer o café. Ricardo morava sozinho e aquelas pequenas tarefas do despertar lhe eram habituais. Não pensava nada naquela hora, mantinha-se num estado de semi-sono, de que acordou com as lembranças da noite anterior: o decote, os pensamentos e os atos repugnantes de dentro do carro. Mentiria se não dissesse que viajou mais um tanto.
“Que raios estou fazendo?”, censurou a si mesmo. A mulher de tão bom amigo! Que covardia! Aqueles olhos tão amáveis, fitando-o, com aquela bondade irritante - “pára de me olhar!”.
- Merda!
Jurou não mais pensar na mulher.
Remoeu o remorso, até esquecê-lo; coisa de minutos.

IV Amália

Dona-de-casa em tempo integral, Amália acabou por convencer-se de que a vida se limitava aos cuidados do lar. Essa pobreza de horizontes, imputada pela pouca educação e o casamento precoce lhe trazia, por vezes, certa tristeza, que se dissipava rápido, devido a sua carente capacidade reflexiva. Mesmo assim, em seus momentos de desconsolo, punha-se a imaginar como a vida poderia ter sido diferente. Na juventude, era sim, muito bonita. Agarraria fácil um burguês e viveria sem os enfados daquela existência miserável. Pensava assim, mas logo lembrava dos olhos carinhosos do seu adorável companheiro. Amava-o.
Sua união com ele era um crime contra a estética. Com o passar dos anos, ela perdera alguns dos predicados que compunham seu sensualismo corporal, mas, quando casaram, estavam todos lá; e o noivo, aquela figura esdrúxula de ser malformado, pequeno, torto, pintava um quadro, no mínimo, ridículo.
E Amália sorria julgando ter feito a escolha certa.
O rapaz da noite passada não deixou nenhuma impressão importante; só mais um dos tantos que o marido já tinha levado para o jantar. No entanto, este não a deixou irritada como os outros. Parecia bem refinado aos seus olhos pobres. Receber alguém que não tem cara de fome, que luxo!

V O vestido

Amália não era dada às futilidades a que muitas mulheres se entregam (ou se acostumara a falta de recursos para aquilo). Não possuía forma alguma de vaidade. Suas roupas eram feitas de tecidos grossos e ordinários, comuns às obrigações diárias; não carregava bijuterias, sequer maquiagem. Nada disso afetava sua beleza e voluptuosidade natural - bem notada por Ricardo.
Não obstante, havia ainda uma fagulha de desejos femininos. Às vezes pensava nessas formas de ostentação.
Um dia, pagava contas no centro. Uma tarefa mensal, cumprida com pontualidade. Não gostava de ir até lá; primeiro, porque todo o dinheiro esvaia-se e, segundo, por causa da fumaça dos carros. Andava apressado. Algo chamou sua atenção.
Parou.
Havia um vestido, verde, posto cuidadosamente no corpo dum manequim. Os sonhos da dona-de-casa se acenderam. “Quero ele”, pensou. Voltou para casa pensando em como consegui-lo.

VI Ao trabalho!

- Trabalhar? Pra quê?
- Quero uma coisa.
- Diz o que é. Eu compro.
- Não é nada... eu arranjo o dinheiro.
- Tá, tá. Se tu quer...
A mulher se abaixou e beijou o marido sorrindo, que perguntou mais uma vez o que era a misteriosa “coisa” e ela só respondeu com um: “não é nada...”. Vexaria se dissesse de que se tratava. Àquela altura da vida com essas bobagens de menina, e logo ela que nunca foi disso, que vergonha!
Dias depois já fazia uns bicos. Nesse tempo recebeu uma boa notícia do consorte; arranjara uma vaga para ela na empresa. A medida do marido era preventiva: pretendia limitar o contato da mulher com as vizinhas, com quem ela fazia seus trabalhos e a quem ele considerava mentirosas e encrenqueiras.
Começou na segunda. José levou-a pelo braço até dentro e tratou de apresentá-la aos amigos. Havia alguns que conhecia; dissidentes dos jantares tão apreciados pelo companheiro. Foram ao encarregado que a apresentaria à suas funções. Este a levou por um passeio pela firma, mostrando todos os cantos e explicando o que ela faria dali por diante. Amália balançava a cabeça afirmativamente, respondendo até mesmo ao que não era perguntado.
E que boa mulher! Poucos minutos depois já limpava o chão por que passeara antes, mostrando uma concentração singular para um serviço tão simples. Tamanha centralização que nem mesmo viu aproximar-se a figura que lhe tocou o ombro:
- Ricardo!…

VII No corredor

O encontro no corredor desconcertou Amália. O rapaz de pequena expressividade do jantar tomava agora feições novas. O terno de pouco valor que usava parecia a ela uma marca de elegância quase sobrenatural. Certamente não era aquele de antes.
- Ricardo...
- Você tá trabalhando aqui?
- Tô. Comecei hoje.
A conversa, inicialmente tímida e composta de perguntas e respostas vagas, foi se desenrolando num tom mais íntimo e amigável. Percebendo que já tinha tomado um bom tempo, o contador advertiu que deveriam voltar ao trabalho.
Amália perdeu a severa concentração do início do serviço. A inesperada visão do rapaz deixou-a surpresa.

VIII A faxineira

“Que diabo!” murmurava na frente do computador.
A irritação era referente ao encontro com a faxineira. Não tinha prometido esquecer aquela mulher? Não vê-la, não pensar nela. E ela lá, trabalhando bem ali do lado... Que droga!
E por que tinha que falar com ela? Não podia passar sem ser visto?
Pensou em si, em Amália, nos olhinhos do porteiro - “já não disse pra parar de me olhar?”.
É preciso lembrar que não havia nada de emocional nos sentimentos de Ricardo; só desejo, puro e animal. Algo pouco condizente com sua personalidade. Não que fosse muito emotivo ou racional; era diferente, nem um nem outro, maleável, inconsistente, fraco; mesmo assim, não lúbrico.
As dúvidas vinham e as réplicas não.
“Que diabo!”.
Talvez não soubesse quem era.

IX Normalidade

Quê? Se a presença de Amália foi um problema? Nada! O que é comum não é incômodo. Dia após dia, multiplicaram-se os encontros e subtraíram-se os pudores. Conversavam abertamente, quando não a sós, com a presença do porteiro. Formou-se uma relação e maior proximidade ainda entre os três, quase familiar.
Ricardo contentava-se com os próprios desejos, que também se tornaram um hábito, cultivados e acarinhados por ele. Um hobby, uma mania inofensiva, diria. Não influíam na vida de ninguém, portanto não possuía arrependimentos.
Às vezes, tinha acessos, em que se acendiam ímpetos de tornar reais os sonhos; rapidamente controlados, sem dano algum.

X Encontros casuais

O trabalho, e por que não dizer, o vestido, fizeram com que a freqüência de Amália ao centro aumentasse. Passando por lá, dava sempre uma olhadela nele, torcendo para que ninguém o comprasse antes dela.
Ricardo também andava muito por esses lados. Fazia compras de poucas coisas, às vezes inúteis, mais por diversão do que por necessidade.
Num desses passeios encontrou-a. Estava em frente a uma vitrine, numa contemplação quase religiosa.
- Bonito vestido.
- Ricardo, aqui...
- Aqui é o comércio, não é? Por que o espanto?
- Nada, besteira minha.
- Olhando os vestidos?
- Só olhando mesmo.
A última frase teve um ar triste, que comoveu sinceramente o outro. Ela inventou rápido um motivo para sair, despedindo-se e deixando-o em frente à loja. Ele fitou o vestido e, de súbito, entrou.

XI O presente

Um dia como qualquer outro. Entrou na empresa, acompanhada pelo esposo, já vestida com o uniforme de trabalho. Passou para a dispensa. Abriu porta e pegou logo o esfregão. Quando se abaixou para apanhar o balde parou, de repente, surpreendida por um embrulho, feito de papel de presente meio amassado. Em cima havia um cartão. A mão moveu-se mecânica para colhê-lo. Leu:
“Espero que goste. Carinhosamente, Ricardo.”
A mensagem turvou sua mente. Por que aquilo?
Pôs-se a abrir o presente, esforçando-se para não rasgar o papel, que achou bonito. Lá estava o tão desejado vestido.
Tentou colocar a cabeça em ordem. Será que ele...? Não, não podia ser; tão amigo do marido quanto era. Mas e se fosse mesmo? O pensamento envaideceu Amália, que arrojou os seios para cima e deu um meio sorriso malicioso. Era já uma senhora! Atrair um rapaz tão novo e bonito, não um daqueles mortos-de-fome do seu bairro; um belo de um rapagão.
Pegou tudo e guardou junto com suas coisas.

XII Sentimentos antigos

- Merda!
Andava de um lado a outro dentro do banheiro, falando mal de si mesmo.
Conservava na mão um copo, que antes cheio de água, secou pela metade, não de beber, mas de derramar em cima da barriga e das calças.
- Sou um filho da…
Já não tinha se acostumado em só sonhar com a mulher? Para quê foi fazer aquilo. Trouxera uma tempestade de problemas. Imaginou a reação dela que, como mulher digna que era, diria do acontecido ao consorte e pronto: adeus amizade! Adeus honra! Adeus tudo!
- Imperdoável Ricardo, Imperdoável…
Deu de ombros. Agora só esperaria, afinal, fazer o quê?

XIII Uma noite a três

Naquele dia, ela saiu mais cedo do trabalho. Inventou uma desculpa qualquer, e tratou de apressar-se.
Em casa, arrumou o vestido cuidadosamente no fundo de uma gaveta, onde sabia que José não mexeria. Ele chegou logo depois. Jantaram, conversaram um pouco, assistiram à novela e foram se deitar. Durante toda noite, Amália demonstrou certo nervosismo que deixou o companheiro desconfiado.
- Aconteceu alguma coisa?
- Por quê?
- Tu tá estranha.
- Eu?
- É.
- Não, teve nada não.
A essa altura o esforço para disfarçar tinha se tornado imenso. Ela nunca foi de mentir, ato que julgava reprovável, e que fazia apenas pelo acontecimento extraordinário. Mesmo com a falta de prática, a dissimulação foi perfeita.
Deitaram. O porteiro caiu logo no sono. Ela não; essa seria uma noite de insônia.
O vestido estava agora lá, dentro da gaveta. E o cartão? No mesmo lugar. Pensou em destruí-lo, mas não teve coragem; deixou-o perigosamente junto ao presente.
José não era ciumento. Apesar de todo carinho paternalista, que mais se via, até mesmo mais que o sentimento homem-mulher dos casais, não possuía possessividade alguma. Tinha uma confiança ingênua na parceira. O medo de Amália vinha da situação totalmente nova: um segundo homem dando um presente a ela sem nenhum motivo aparente. Como ele reagiria a isso?
Ponderou sobre se livrar da dádiva furtiva, naquele mesmo momento, mas não teve forças. Tinha desejado tanto aquela roupa, trabalhado tanto em função dela! Agora ia perdê-la assim, pelas próprias mãos. Não. Não tinha capacidade de uma coisa dessas.
Então fazer o quê? Como iria salvar-se?
No meio de seu conflito, Amália teve um momento de descanso. Pensou no rapaz, melhor dizendo, nos dois. Entregou-se aos desejos - “e se eu…”. Arquitetou um plano acanhado de como ter com o contador e aí...
Repreendeu-se. Que deslealdade! E com o esposo ali do lado!
A aflição começou a tornar-se crescente e, confusa, angustiada, partiu para o total desespero. Perdeu a razão.
- José, acorda! Acorda!
Acordou assustado. Amália puxava seu diminuto calção de dormir.
- Quero agora, vamos!
Puxou raivosa o que faltava para despi-lo.
- Mas agora... O que foi...?
- Vai, vai!
Pulou em cima dele, que cedeu, cheio prazer. Não entendia a atitude da mulher, mas já que ela queria…
“Meu Deus!”, era José ali mesmo? Ou o intruso que se interpunha entre os dois? Não sabia. Talvez fosse uma noite a três.
Agarrou-o, desnorteada. Levantou de novo e cravou os olhos nele.
- Eu amo você, entende? Você! Você! Entende?
- Amália, o que…
- Você!

XIV A dispensa

No dia da tragédia, melhor dizendo, no dia em que presenteou Amália, Ricardo enfurnou-se na sala da contabilidade, a fim de que não se encontrassem. Fez horas extras, nada incomum, mas muito conveniente. Sabia que esta fuga era inútil, mas a faria enquanto pudesse.
No dia seguinte entrou no carro apreensivo. Já divisava o encontro com o amigo, que imaginava que soubesse de seu ato. Fantasiou dezenas de coisas, pensou em não ir. Enfim, venceu-se a si: foi trabalhar.
O porteiro estava na entrada, como sempre. Ricardo olhou-o cheio de terror, mas só recebeu o cumprimento amistoso de sempre; ele nem mesmo falou sobre o vestido. Que alívio, não sabia nada.
Andou esquivo pelos corredores, como o fugitivo que realmente era. Quando chegou ao qual ficava a dispensa, se deparou com o que de pior poderia. Amália estava à porta. Quis voltar, mas ela já o tinha visto. A garganta secou, o suor corria como um rio pelo seu corpo, as pernas pareciam motores num movimento rítmico de tremor.
Amália, à sua frente, não tremia como ele, mas estava em uma espécie de choque, imóvel. Havia branquejado.
De repente, ele avançou. Amália não recuou nem um pouco até que ele estivesse quase em cima dela. Mantinham os olhos fixos um no outro. Continuou e em pouco estavam dentro do cubículo. Ricardo bateu a porta por detrás de si e ficou parado, tremendo em frente à Amália, que estacou na outra extremidade do pequeno quarto. Ele contorcia as mãos, nervoso, olhava para baixo. Parecia querer dizer algo e ser domado por uma força irresistível. Olhou-a profundamente, mas não falou nada. Ela também se manteve atônita, como antes. De repente, agarrou-a.
Não houve nenhuma resistência. Amália deixou que o rapaz agisse com toda liberdade.
É preciso dizer o que aconteceu? Tomou-a ali mesmo, ferozmente, empurrando contra vassouras e trapos. Amália mordia os lábios, reprimindo inconscientemente a torrente de prazer que irrompia em seu corpo.
Saíram da dispensa bêbados de qualquer coisa que se tivesse apoderado deles, cada um para seu lado, sem uma única palavra.

XV O caso

A ação animalesca da dispensa foi só o começo. Não é preciso que se narre os pormenores, mas o que é necessário, digo: desejaram-se, encontraram-se e amaram-se. Iniciou então o caso infame.
Havia remorso nos dois. Não agiam por vileza; simplesmente empurrados para aquilo e, sem forças para reagir, deixavam que os impulsos os dominassem. Certamente, a maior vítima do pesar era Amália. Traía um companheiro de décadas, que se dedicara a ela durante todo esse tempo. Ricardo também sentia seu tanto de compunção. Faltava bem menos do que a amante, já que, mesmo tendo uma grande amizade para com José, não se podia comparar a tão sólido casamento.
Por esses tempos, Amália largou o emprego. Depois de começar a trabalhar na empresa, sua jornada havia duplicado, fazia tanto as tarefas domésticas quanto as do serviço. O marido não gostava daquilo; achava ser desnecessário impor tão duro expediente à mulher. Ficou feliz com sua última decisão. Curiosamente, Ricardo mudou seu horário. Chegava mais cedo, depois passava a tarde fora e só voltava à noite. Não se tratava de uma coincidência. Mudaram suas rotinas de propósito, para aproveitar as tardes em que o marido estava no seu posto.
Ricardo alugou um quartinho numa rua bem lúgubre do centro. Em certas tardes, Amália pegava o ônibus e ia a ele. O contador já estaria lá, esperando. A aventura do mancebo e da senhora transcorreu assim.
Acontece que, do nada, Amália parou de procurá-lo. O quartinho, antes religiosamente freqüentado, esvaziou-se. Ricardo se perguntava o que teria acontecido; teve até a audácia de tentar arrancar informações de José. Nada conseguiu. Decidiu ir vê-la.

XIV O fim

Pegou o carro e saiu. Não lembrava muito bem onde ficava a casa do porteiro e só com muito custo conseguiu achá-la. Desceu pesado. Bateu à porta e Amália abriu:
- O que você…
Ficou parada na passagem, branca e estática.
- Me deixa entrar.
Entrou. Não via a casa a um bom tempo. A foto do menino ainda chamava a atenção.
- Por que você não foi mais me ver?
Amália tinha sentado. Olhava para baixo e brincava com os dedos; quando levantou os olhos, estavam encharcados de lágrimas.
- Isso não é certo…
Ricardo abaixou-se enxugando seu rosto, tentava consolá-la. Ela entrou num pranto convulsivo; dava gemidos, pequenos gritos de aflição. Disse que eram miseráveis, sujos, que não mereciam nada mais que morrer. Ricardo não objetava; concordava mudo com a amante.
Por fim deu-lhe um abraço que ela tentou repelir sem força. Estrangulou o choro na cama. Cansados de toda confusão, ambos adormeceram.
Enquanto isso José batia o cartão, despedia-se dos colegas e tomava o rumo de casa. Estava cansado, mas vinha feliz pensando no jantar e na mulher. Ele amava-a com uma simplicidade toda sua, com uma pobreza de ambições toante com aqueles olhinhos; sentia uma felicidade enorme em poder retornar ao lar.
A fechadura exigia esforço para destrancar; o fez com pouco barulho. Foi direto ao quarto. Da entrada, a dor: em cima da cama, em meia nudez e adormecidos, Amália e Ricardo.
José recuou, dando passos de costas, esbarrando nas paredes até parar na cozinha. Lágrimas escorriam no rosto, mas não era como se chorasse; estava num estado de torpeza, a vista turvou.
Seria verdade? Uma alucinação?
Chorou realmente agora. Puxou os cabelos, contorceu-se de dor. Por fim, pegou uma faca, correu ao quarto.
- Vagabunda!
Lançou-se sobre a mulher. Ricardo despertou para a morte com um urro de horror.

Segunda parte
I O desconhecido

No bar, um homem insultava alguém.
- Desgraçada!
Embriagado, balançava, quase caindo; o cuspe saltava da boca. Suado, amarrotado, tinha uma aparência desprezível. Aos outros só restavam os comentários:
- Mal de corno…
E o homem continuava.
- Vagabunda!
Nisto entrou outro, baixo, taciturno, meio torto, que se encurvou no balcão.
- Quero água.
O balconista trouxe. O novo personagem ficou olhando o miserável que berrava na mesa. O borracho percebeu a observação e indignou-se com o interesse do desconhecido, foi áspero. Por fim, ao ouvir o pedido de desculpas o observador, o miserável pediu um perdão melado pela rudeza, chamando-o para sentar junto dele. Contou-lhe sua história, com trejeitos desengonçados, chorando às vezes. Disse ser casado por uma mulher, por anos e depois descobriu que tinha sido traído, e mais, com um amigo!
- Qual o nome dela? Perguntou o estranho.
- Amália.
Parou por um instante, depois prosseguiu o interrogatório.
Poucas horas depois, a notícia: a adúltera estava morta.

II As mãos de um criminoso

“O que fiz?”, se perguntava José defronte aos corpos ensangüentados, olhando as mãos rubras, cobertas do líquido vermelho. Arremessou a faca no chão, enojado. Um assassino; havia se tornado um assassino.
Não sabia o que fazer. Depois de um momento tentando voltar daquele estado de torpor, pôs-se a agir. Lavou as mãos, correu para o aposento e, entrando, esquivou-se dos cadáveres, que permaneciam intactos (antes teve a ilusão de que quando voltasse não estariam mais lá). Abriu o guarda-roupa, colheu as peças que pôde, enfiando-as numa mochila de todo jeito.
Fugiu, deixando os defuntos a jazer sem cobertura.

III O assassino

A notícia do homicídio percorreu a cidade em pouco tempo. No dia seguinte, no jornal, lia-se:
“A dona-de-casa Maria Pereira dos Santos foi morta ontem à noite, por volta das 19h. Existe a suspeita que o crime tenha sido cometido pelo marido, Augusto Mariano dos Santos, supostamente traído pela mesma. A polícia afirma ainda não ter certeza de sua autoria, mas sua prisão preventiva já foi decretada e ele está recolhido no 13º distrito.”
O desgraçado do bar havia sido preso jurando inocência. Soltaram-no à tarde do dia seguinte, porque disseram que, na hora do ocorrido, ele ainda estava no bar e, mesmo que não estivesse, embriagado daquele jeito, não seria capaz de cometer aquele delito. O delegado ouviu as testemunhas e deixou o pobre-diabo ir embora.
Se não foi o bêbado, quem?

IV A fuga

José comprou uma passagem destinada à capital. A cidade onde morava era grande, mas o lugar para ia, incomparavelmente maior. Na pressa da evasão, não pensou em outro destino; não tinha parentes lá, nada; melhor assim, queria ir mesmo para um lugar onde ninguém o conhecesse, um lugar grande, onde não se importariam com mais um imigrante pobre. Tomou o ônibus na mesma noite do horrível ato.
O escape incriminava-o. Os corpos foram deixados expostos, logo seriam descobertos. A situação se mostrava fácil de interpretar: um marido traído mata esposa e amante e foge, nada mais normal.
Passou dias viajando. Quando chegou, foi à procura de um lugar para dormir e um emprego. Na viagem arquitetou o que diria a quem o conhecesse. Contaria que veio de um lugar pobre à procura de trabalho, que lá não dava. Algo típico das grandes cidades.
Sua situação começou a ficar desesperadora depois de alguns dias. Estava vivendo das economias que fizera durante os anos de trabalho, que não eram muita coisa, e que já ameaçavam acabar. Procurava por um serviço qualquer diuturnamente.
Depois de uma manhã de busca, entrou num bar, ofegante.
- Quero água.
Recebeu um copo cheio, gelado, trazido pelo balconista; sorveu degustando cada gota.
- Ordinária!
Os gritos quebraram a paz do refrigério. Um bêbado balançava numa das mesas, suado, prorrompendo em impropérios e palavras sujas contra alguém. José ficou a olhá-lo.
- Que é que tá olhando?
Ele havia se irritado com o bisbilhoteiro, que pediu desculpas de pronto. Ouvindo a petição, arrependeu-se da rudeza e repetiu o gesto, convidando-o para sentar com ele. Depois de muita insistência, José cedeu.
- Beba!
- Não, obrigado.
- Bebe homem!
Deu início a ladainha. Relatou o motivo dos xingamentos, que era uma traição, salpicando a narração com lágrimas e palavrões. Ouvir aquilo doía no coração do ex-porteiro; as lembranças estavam bem vivas. Não entendia o por quê, mas sentia interesse por aquela narrativa.
- Qual o nome dela?
- Amália.
José empalideceu. Que terrível coincidência! Por que raios a mulher tem de ter este nome? Sem entender o que o motivava a continuar indagando, prosseguiu; perguntou onde moravam, onde ela poderia estar, como era sua aparência. Depois da longa seção de perguntas e respostas, despediu-se e saiu.
Caminhou inerte. Os pés o levavam sem que a mente os acompanhasse. Rua após rua, nenhum pensamento, nenhum sentimento. De repente, parou. “Onde estou?”, não pensou isso; apenas cessou.
Tratava-se de um bairro residencial paupérrimo, bem parecido com aquele onde morava antes. Olhou para a placa que indicava o nome rua, baixou o olhar para o número de um dos domicílios; o endereço era conhecido.
Aproximou-se. Dava para ver o cercado de paus velhos por detrás da casa, e José foi por lá. Avançando, viu uma mulher que lavava roupas curvada sobre um tanque. Entrou sem ser percebido, olhou-a, viu feições vivamente reconhecíveis.
- Amália!
Ela voltou-se espantada.
- Como?
Não houve mais tempo para exclamações ou interrogações, voou sobre ela, apertando seu pescoço até matá-la.

V Uma descoberta interessantíssima

Estrangulando a mulher, os olhos do velho leão-de-chácara brilhavam de satisfação. A mulher debatia-se, segurava as mãos do seu algoz tentando escapar, mas o pequeno matador era forte e não largaria tão fácil. Morreu, mas não foi solta. José continuou espremendo, arrochando até não poder mais.
Empurrou o corpo para a cozinha, que tinha a entrada bem do lado, não sendo necessário fazer grande esforço. Foi embora como se nada tivesse acontecido, sossegado. A tranqüilidade havia se separado dele depois do primeiro homicídio, andava sempre nervoso, desconfiado; agora estava calmo. O passo mudou, de apressado e cheio de descrédito, a sereno e firme; ajeitaram-se as costas.
Os assassínios são um excelente relaxante! Descobriu então um novo prazer. Sentia-se vivo de novo!

VI Os prazeres

O gozo do segundo homicídio foi enorme. Procuraria então nova vítima! Sim, outra, haveria uma.
A procura terminou rápido. No mundo, de tempos em tempos, cessam os valores e dá-se um passo em direção à liberalidade. A promiscuidade, horrível a olhos dos carolas, é um deleite aos libertinos e fracos.
Acontece que, entrando numa mercearia, havia um suporte de jornais. Voltaram-lhe então os ímpetos de leitor. Encostou, puxou uma brochura e pôs-se a lê-la.
Não poderia ter escolhido pior leitura. Tratava-se de uma revista de fofocas, destas de desocupados e vazios, repleta de escândalos e picuinhas. Na capa, a matéria em destaque chamou a atenção. Uma famosa atriz traiu o noivo, com quem se casaria em meses. A edição trazia fotos do episódio e riquíssimas informações. Amália Sobreira, chamava-se assim. Fincava na cabeça de José que aquele nome provocava os gestos condenáveis. Amália se tornou sinônimo de perfídia.
Um sorriso estampou-lhe a cara. Achara então nova vítima!

V O último crime

A empreitada não seria despreparada como as primeiras; foi feito um cuidadoso planejamento. Comprou uma faca, amolou-a e procurou colher todas as informações possíveis.
Morava num apartamento, local que dificultava a ação.
Durante dias observou o prédio. O exame cuidadoso revelou que a porta dos fundos era fraca, e que havia um elevador de funcionários pouco usado à noite, pelo qual poderia subir sem dificuldade.
Plano formado, tratou de colocá-lo em prática. Numa determinada noite, se encaminhou para o edifício. Contornou por um beco, chegando à porta dos fundos. Forçou-a e ela abriu fácil. Entrou, tomando cuidado para não fazer barulho. Foi ao elevador e subiu até o andar desejado, saindo e movendo-se ao apartamento; já sabia qual era devido a dados colhidos na véspera. A faca estava na cintura, esperando a hora de atuar.
Bateu à porta.
A atriz abriu. Antes que pudesse falar algo, José segurou seu pescoço com uma das mãos e foi empurrando-a para dentro. A mulher fez um gesto parecido com o da outra que havia sido morta por ele, agarrando a mão do assassino na tentativa de soltar-se; assim como a primeira, não conseguiu. O homem puxou a faca e começaram os golpes. Mesmo ferida, ela continuou lutando, batendo com pés e os braços contra os móveis e os demais objetos que compunham a sala, até acabarem por completo suas forças e morrer.
José soltou o cadáver. Seu corpo estava coberto de sangue, segurava o punhal ainda com a mesma firmeza de antes.
A luta gerou muito ruídos, que acabaram por ser ouvidos pelos vizinhos. Um deles foi ver o que teria acontecido. Atravessando o corredor, viu a entrada aberta, então avançou respeitosamente.
- Clara?! Está tudo bem?
O homicida ouviu. Pensou em esperar que adentrasse mais um pouco, então o mataria também. Mas por que fazer mal contra aquele homem, que não o tinha ofendido de maneira alguma? Aquela mulher sim, merecia aquilo; uma vadia, o mundo só ganhava com a morte dela; mas o outro não. Era só uma pessoa comum. Vai que era corno também!
- Clara? Eu ouvi uns barulhos e… - parou ao ver o que acontecera.
O homem gritou e saiu correndo. José ficou sem ação; sua energia desapareceu, soltou a faca e deixou-se cair, desacordado.

VI O louco

Abriu os olhos com dificuldade. Tentou levar as mãos a eles, mas não pôde; estavam presas por algemas, colocadas envolta do braço da cadeira onde estava sentado. Que lugar é esse?
Forçando a vista, observou em volta, procurando compreender o que se passava.
Era uma delegacia.
Logo após a constatação, vieram-lhe os flashes dos acontecimentos anteriores. Estes se apagavam na visão do desconhecido. Tendo por referência o lugar, presumiu o que se passara depois do término de suas memórias.
Neste momento, uma profunda tristeza tomou o coração do mais novo detento; a idéia de acabar assim era dolorosa demais. Desejou não ter vivido nada daquilo. Ah, Amália! Se não tivesse descoberto nada! Seria feliz do lado da pérfida companheira; desleal sim, mas e daí? O que olhos não vêem coração algum é capaz de sentir, muito menos o seu, anteriormente tão cheio de candura, inocência idiota que permitiu que tudo acontecesse.
Dias depois foi transferido da delegacia para o presídio, a fim de esperar o julgamento. Foram meses de terror. Homens podres, vítimas do mundo, eram suas únicas companhias numa cela abafada e superlotada. Um enforcou-se, outro foi morto ali mesmo, um terceiro sorveu a última droga. A presença insistente da morte contribuía para piorar ainda mais o estado de sua mente. Quase um ano depois, quando finalmente foi julgado, já não havia mais dúvidas: não tinha mais senso de si. O hospício era o único lugar para onde poderia ser mandado.
Chegando, o seu tratamento iniciou-se logo. Colocaram-no numa sala para aguardar o princípio da terapia. A psiquiatra entrou.
José levantou os olhos; não havia mais bondade neles, não havia ódio, não havia nada.
- Qual seu nome?
- Amália.
E fechou-se a porta.
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Heitor
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MensagemAssunto: Muito massa :)   Amália Icon_minitimeSeg Out 19, 2009 9:23 pm

Passei os últimos 20 minutos da minha vida lendo... Não me arrependi, simplesmente genial.
Texto digno de um grande autor sunny
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MensagemAssunto: foda   Amália Icon_minitimeQui Dez 24, 2009 1:16 pm

nunca vi o sentimento de culpa tão bem representado...

matou quem joaobarbosa?
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MensagemAssunto: Re: Amália   Amália Icon_minitime

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Amália
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