A noiva

A noiva

- Você o aceita como seu marido, na alegria e… - dizia o pároco.

“O padre tem um nariz batatudo…”, pensou consigo e deu um risinho por dentro, que quase escapou pelos lábios. E tinha mesmo o pároco. Mas a idéia foi mais uma fuga; estava nervosa.
O casamento chegou cedo, deveria ter esperado mais um pouco. Dois anos são lá tempo de se conhecer alguém direito? O casamento é um laço eterno… Pra quê ser precipitada assim? Podia ter esperado mais, sim, podia.
Podia nada. Homem está difícil; não é em todo canto que se arranja um que preste, e este prestava. Era bom, trabalhador, normal. Em palavras claras, era um chato.
Ai! Se casasse com ele morgaria numa vidinha ordinária, até morrer, velhinha e desimportante.
Mas teria estabilidade, e já é muito. O mundo é hostil; não perdoa pessoas que querem mais do que lhes diz que devem ter. Esses que vivem por aí feito loucos, sendo felizes, como passam a velhice? Torcem para morrer cedo porque sabem que, quando os anos chegarem, vão receber apenas desprezo e ingratidão por lutar pelos seus sonhos. Pobres coitados!
E a vida não vale mais do que isso? Que importa acabá-la bem, sem começá-la? Coitados são os que morrem em camas quentinhas, ricos e cercados de cuidados compulsórios. Gente satisfeita morre mesmo é na rua, no meio dos cachorros sarnentos, dos mendigos, dos bêbados, exalando o fedor de uma vida bem vivida.
Não dá para ser feliz com uma rotina comum? As coisas pequenas podem guardar muitas alegrias; nós é que somos alienados, ficamos buscando prazeres desesperadamente, como se fôssemos morrer hoje. Esse negócio de carpe diem é jogo para fazer você comprar sapatos.
Só que os gozos do dia-a-dia vêm somente se o companheiro também os quiser. Será que o noivo seria igual sempre? Quase impossível. Certamente, iria meter em si um barrigão de cerveja, acentuado pelos pêlos nojentos dos ouvidos que deixaria de aparar e a rudeza típica dos romances desgastados. O egoísmo e o ciúme não notados no princípio apareceriam de forma pouco discreta.
Por que arriscar? O marido era bom; se cuidasse bem, se mantivesse rédeas curtas e olhos vigilantes, não havia de degenerar. Tantas conseguem, por que motivo não conseguiria também? São as esposas que fazem esses grandes homens que estão por aí. Sem elas são uns estúpidos. Todos o são naturalmente; é do gênero.
E virar mãe de marido? Queria um macho, sem eufemizar o conceito: alguém viril, uma muralha onde pudesse se abrigar; alguém com quem ter filhos, sexo.
Contudo, a idéia de ter um homem sob controle era atraente; uma pequena vingança do gênero oprimido. Ser rainha em um lugar ao menos, se não nominalmente, na prática; a posição de eminência parda já satisfazia.
Repreendeu as tentações de mando. Não queria dar ordens, somente liberdade para ser ela mesma, uma mulher completa. Que diabo aquele padre fazia ali? Por que a Igreja queria se meter na relação dos dois? Eis o maior de todos os problemas: o casamento!

- Vamos embora daqui - ela sussurrou no ouvido do noivo.
- Mas é o nosso casamento. Tá doida? - respondeu baixinho, vexado.

- …até que a morte os separe?

Olhou para o sacerdote, para os convidados, para o noivo, o carro que os esperava do lado de fora.
- Não! - e saiu correndo com um enorme sorriso no rosto.

desculpa aew jesus...

iisso SiiiiM é que é um Casamento q vala a pena assistir
se inspirou no da tua irmã foi?