Indisposição
Ele não era muito de ligar.
A mãe viajou; antes, deixou o número sobre a mesa.
Passou-se um dia, dois, três. Ele não ligou. Ela não ligou. Quarto, quinto, sexto dia. O telefone mudo. Uma semana, duas, três. Nada.
O rapaz apanhava o número, parava em frente ao aparelho e pensava. Pensava, pensava… “Ligo?”. Chegava até a erguer o dedo em direção às teclas, mas braço molengava indicando a má vontade.
E a mãe não aparecia…
Disse que voltaria em três dias, e já havia um mês. O desespero tomava conta do rapaz. O que teria acontecido. Estaria viva? Estaria bem? Como saber? Só usar o telefone; mas ele não era muito de ligar…
Então agoniou. Já três meses e nenhuma notícia. Pegou o telefone e ligou várias vezes. Ele tocava sempre, mas ninguém atendia; a preocupação se tornava insuportável. Será que a mãe também não era muito de atender?